Distúrbio nervoso causado pelo diabetes, tem evolução lenta e constante
Por Agajan Der Bedrossian
Existem vários tipos de diabetes; os dois mais comuns, em ordem crescente de prevalência, são o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2. Ambos têm a capacidade de produzir lesões em diversos tecidos e órgãos da pessoa.
Os órgãos mais comumente atingidos pelos efeitos nocivos do diabetes são o coração, os rins, os olhos, o sistema vascular (vasos sanguíneos) e o sistema nervoso periférico (SNP), que, de modo simplificado, é o sistema nervoso que existe fora do cérebro e da medula espinhal.
O SNP constitui-se principalmente de nervos cuja função é ligar o sistema nervoso central às demais partes do corpo. Possui neurônios motores, responsáveis pelo movimento voluntário, e outros neurônios que regulam as funções involuntárias, como as que controlam o aparelho digestivo.
Mas, afinal, o que é?
Como o próprio nome sugere, estamos falando de um distúrbio nervoso causado especificamente pelo diabetes. São as complicações mais comuns em ambos os tipos do diabetes. O início costuma ser gradual, com evolução lenta e constante.
Sim, existem outros tipos de neuropatias, causadas por outras doenças. Caberá ao médico que assiste o paciente fazer o diagnóstico diferencial.
Diversos fatores vão influenciar a gravidade da doença, como a qualidade do tratamento, o nível e a oscilação da glicemia (medida da glicose no sangue), concomitância de outras doenças (pressão alta, colesterol elevado, doença renal), hábitos (tabagismo, alcoolismo) e fatores genéticos, evidentemente.
O tempo decorrido desde o início do diabetes também é um fator relevante, ou seja, quanto mais cedo surgir o diabetes, maior o risco de se ter a neuropatia diabética no futuro.
Os sintomas da neuropatia diabética variam bastante de pessoa para pessoa, dependendo muito do nervo acometido. Algumas pessoas não terão nenhum sintoma; outras podem experimentar dor, formigamento ou perda de sensibilidade principalmente nas mãos, braços, pés e pernas.
A intensidade dos sintomas também tem grande variação, desde quadros muito leves até situações dramáticas de dor intensa, que limitam muito a qualidade de vida do paciente.
Outros problemas também podem ocorrer no sistema digestivo, no coração e em órgãos reprodutores, resultando em diarreia ou constipação intestinal crônica e impotência sexual ou secura vaginal, por exemplo.
Quanto ao coração, a neuropatia pode resultar na perda da capacidade de sentir dor durante um evento de má perfusão sanguínea no miocárdio. Em outras palavras, o coração fica anestesiado e não sente a clássica dor durante um infarto. Isso faz com que a pessoa demore a perceber que algo grave está acontecendo, retardando um tempo precioso na busca de ajuda e no tratamento adequado em um hospital. Portanto, não espere aquela tradicional dor de infarto do coração nos diabéticos!

A intensidade dos sintomas também tem grande variação, desde quadros praticamente assintomáticos até situações dramáticas que limitam muito a qualidade de vida do paciente.
Outros sintomas:
• redução da capacidade de sentir dor ou variações na temperatura, especialmente nos pés.
• dor do tipo formigamento ou queimação.
• fraqueza muscular.
• úlceras, infecções e deformidades nos ossos dos pés.
• perda da capacidade de perceber uma hipoglicemia (nível de açúcar no sangue baixo).
• infecções urinárias frequentes ou incontinência urinária.
• aumento ou diminuição da sudorese e saliva.
• elevação da frequência cardíaca em repouso.
Como prevenir?
Primeiro, é claro, evitando-se o surgimento do diabetes, o que sabemos nem sempre é possível. Mas um estilo de vida com mais atividade física e menos doces já é uma boa ajuda. Uma vez instalado o diabetes, será importante rigor no seu tratamento, pois esse é o principal fator desencadeador (além do próprio tempo de doença).
Há tratamento?
Há. Mas, por se tratar de uma doença habitualmente progressiva, nem sempre o tratamento é muito eficaz e costuma envolver múltiplos medicamentos. Lembre-se: tratar da neuropatia diabética envolve, naturalmente, cuidar bem do próprio diabetes.
Agajan Der Bedrossian é casado e pai de 5 filhos. É médico endocrinologista, pós-graduado em orientação pessoal e familiar pela universidade de La Sabana. Também é Diretor Administrativo da Associação de Educação Personalizada, mantenedora do Colégio do Bosque Mananciais, em Curitiba.