É fundamental não se descuidar da saúde, distanciando-se o mínimo possível do hábitos cotidianos
Por Aline Braga
“Pé quente, cabeça fria!” O trecho da música icônica dos tropicalistas “Doces Bárbaros” pode ser tomado como um adágio e é muito propício para os períodos que antecedem as festas de fim de ano e as férias de verão. Tempo de celebração, reunião e partilha, mas também de reflexão, novos planos e, claro, de descanso. Boa parte das pessoas que escolhem janeiro como mês de refúgio põe o pé na estrada, seja para visitar familiares, retornar à cidade natal, viajar para dentro e para fora do país e também, porque não, para redescobrir a própria cidade, fazendo atividades de lazer que o cotidiano muitas vezes não comporta.
Esses períodos são fundamentais para manter a cabeça leve, no lugar, preparada para iniciar o novo ano que já bate à porta. Os dias tomam ares menos pesados e há maior liberdade para tudo, inclusive para “pular” aquelas orientações que recebemos dos profissionais de saúde, as quais, de repente, parecem ser facultativas, e é aí que a cabeça pode ficar quente!
Os frutos da constância
Quando o assunto é saúde, há inúmeras evidências sobre o fator benéfico de se ter uma rotina, um conjunto disciplinado, em maior ou menor medida, de atividades e hábitos relacionados à saúde e ao bem-estar. A constância rende frutos em quantidade e qualidade, e não há como negar que, com o avançar da idade, as alterações de rotina são mais sensíveis e afetam mais os resultados obtidos até então.
É fundamental que os períodos de alteração de rotina sejam encarados com alegria e celebração, mas igualmente aproveitados sem extremos, com ponderação e harmonia; afinal, a vida segue após as celebrações e há muito a viver pela frente.
Se não puder fazer tudo, faça tudo o que puder
Na oportunidade de vivenciar festividades e férias na casa de pessoas queridas e em viagens, é fundamental não se descuidar de cuidados básicos com a saúde, de modo que estes se distanciem o mínimo possível do cotidiano. Certamente não será possível fazer tudo como de hábito, e a ideia não é essa; afinal, a alteração de rotina é uma característica dessas vivências e não deve ser encarada como uma ameaça aos hábitos, mas como uma eventualidade natural e já prevista. Vale a máxima: na impossibilidade de fazer tudo, faça tudo o que puder.
No caso da alimentação, o principal cuidado é evitar excessos, sobretudo com as bebidas alcoólicas. A alimentação é multifacetada, por isso deve aliar o prazer ao bem-estar, sem esquecer a relação afetiva com as preparações e a descoberta de novos sabores. É natural que as iguarias se multipliquem, seja na ceia, seja naquele destino que tem muitos atrativos gastronômicos, mas é sempre bom pensar em equilíbrio, ponderando as quantidades consumidas e evitando se alimentar em horários muito distantes daqueles praticados no dia a dia. Em programações mais longas, levar um lanchinho na bolsa não desmerece em nada a experiência de lazer.

Pessoas que têm necessidades nutricionais específicas precisam ter um pouco mais de cuidado, em especial diante de alimentos e preparações novas. É importante conhecer os ingredientes utilizados na receita ou ainda optar por restaurantes destinados à produção de refeições seguras para condições mais restritivas. Pesquisar sobre a preparação que se deseja comer e/ou sobre o destino de viagem é essencial para não ter dias de cabeça quente, quando o desejo é relaxar, descansar e desfrutar.
Por fim, exercitar-se livremente pode ser uma oportunidade para criar novos hábitos a partir de um período de descanso. Nas viagens, aproveite para caminhar, correr, pedalar e apreciar o destino escolhido. Ao visitar familiares, uma caminhada leve também pode ser a ocasião perfeita para colocar o papo em dia.
Em qualquer situação, seja ela cotidiana ou rotineira, a busca pela ponderação e pela harmonia é sempre a melhor opção. Sem extremos de consumo, de rigidez, de desorganização, os dias de cabeça fria se estendem pelo novo ano inteiro.
Aline Braga é nutricionista e especialista em Administração Pública, esfera na qual atua como servidora municipal há oito anos. Gosta de ler, cozinhar e praticar esportes. Na vida se descreve como boba convicta, tal como descreveu Clarice Lispector em sua crônica “Das vantagens de ser bobo”.